Shalom!
Elaboramos esse estudo, com o objetivo de mostrar ao leitor a importância de nos desfazermos de conceitos errôneos; os quais geram pré-conceitos que dificultam e/ou criam barreiras, para o apregoar das Boas Novas, estabelecendo dessa forma, a animosidade entre aqueles que precisam ouvir a Palavra de Elohim e, os que receberam a missão de fazerem discípulos.
Assim sendo, à medida que vamos percorrendo as Escrituras, deparamo-nos com o Apóstolo Shaul(Paulo) que, no seu chamado para apregoar as Boas Novas, aos nominados "gentios", soube usar como ninguém, de estratégias evangelísticas, para apresentar aos povos pertencentes de um mundo helenizado, o Evangelho da Salvação!
O uso dessa estratégia evangelística, expandiu as fronteiras de Yerushalayim, de modo a possibilitar que, o apregoar das Boas Novas, alcancasse outros povos e/ou, nações! Por isso, as estratégias de Shaul, não podem passar desapercebidas! Afinal, o uso destas, tornou possível entre os chamados "gentios", o recebimento da Palavra de Elohim e, a compreensão acerca de conceitos; discursos e doutrinas, que até então, soava-lhes totalmente estranhos aos ouvidos e, ao entendimento, uma vez que, tais conceitos e doutrinas, não faziam parte do universo grego!
Diante disso, a pergunta que de imediato vem a nossa mente é: Que estratégias Shaul(Paulo) fez uso para se fazer ouvir e, fazer-se entender no mundo helenizado, de modo que, muitos dessem crédito a sua pregação?
Vejamos...
Como muitos sabem, o Apóstolo Shaul(Paulo), foi um dos maiores pregadores do Evangelho que o mundo conheceu. E, sua forma de entender a graça de Yah Elohim, mediante sua obra redentora, na pessoa de Yeshua, é hoje a maneira como a maioria das pessoas que creêm nas Escrituras, compreendem o plano da Salvação do Altíssimo, para a humanidade.
É esse Apóstolo, de nome Shaul, nome esse de origem hebraica e de viés religioso, tendo por significado: desejado; implorado; conseguido por meio de orações, que de acordo com a historiografia e relatos bíblicos, tornou-se conhecido como: o "Apóstolo dos Gentios", sendo seu nome grafado na forma greco-latina, da seguinte maneira: Paulo. E, nisso alguém pode se perguntar: "por que ele ficou conhecido como o Apóstolo dos Gentios? E, a resposta é: porque Shaul entendeu que, o plano de salvação de Yhwh, não se restringia apenas aos Yehudim(judeus), mas sim, para TODO o homem, independente de sua origem! Daí, sua obra missionária, dirigir-se aos povos não judaicos, ou seja, aos chamados "gentios", conforme podemos observar no texto abaixo:
Romanos 11:13 " Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for Apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério".
De acordo com estudiosos que abordam a vida e, os ensinos do Apóstolo Shaul/Paulo, afirmam que este era um homem de três mundos, a saber:
a) o mundo Judaico;
b) o mundo Grego;
c) o mundo de um Converso a Yeshua, conversão esta que mudou toda sua tragetória como ser humano.
A partir desse acontecimento, ou seja, o da conversão de Shaul, quer seja o mundo judáico, quer seja o mundo grego, nos quais ele estava inserido, serviram de ferramenta eficaz no seu apostolado, conforme pontuamos abaixo:
1 - A Judaicidade de Paulo: estava alinhada ao partido dos fariseus, uma seita judaica que tinha na guarda da Lei e no cumprimento dos Mandamentos, o seu modo de vida. Foi dessa facção, que Paulo trazia todo seu arcabouço teológico e espititual, conforme podemos observar nos textos abaixo:
Atos 23:6 . "E Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado."
Filipenses 3:5 "Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fariseu."
Perceberam nos textos que citamos acima, a origem judáica do Apóstolo Shaul/Paulo? Perceberam como ele descreve sua autenticidade judáica, quer seja por nascimento, quer seja através de ritos; doutrinas; costumes e/ou tradições, que, somente Yehudim(judeus) tementes a Elohim, mesmo fora de Yerushalayim, colocam em prática?
2 - O Helenismo de Paulo: de acordo com as evidências textuais e, historiográficas, Shaul/Paulo era um grande conhecedor da cultura grega, além de dominar o idioma grego, como fica claro nas cartas que escreveu. E, nisso, alguém pode se perguntar: " mas, sendo Shaul/Paulo Yehudi(judeu), de onde veio sua base cultural a respeito da cultura grega? E, a resposta é: com certeza, essa base grega veio de sua cidade natal, Tarso, na Cilicia, hoje conhecida como Tarsus, uma cidade localizada na Turquia.
Com base na historiografia, podemos afirmar que, Tarso era uma cidade de grande importância no contexto do Império Romano, quer seja, no que diz respeito a economia, com sua produção de algodão e peles de cabra, produção essa, escoada através de seu grande Porto; quer seja, no que diz respeito ao quesito cultural, com suas academias filosóficas, dentre as quais, destacava-se a de caráter estóico, ou seja, aquela cuja filosofia despreza todo o tipo de sentimentos externos, tais como: amor; ódio; paixão; luxúria; ganância; medo, dentre outros, por considerar tais sentimentos, vícios da "alma", os quais tornam o homem um ser irracional e imparcial... Foi dessa simbiose, judaica e grega, que Paulo se aproveitou para fazer surgir o que ficou conhecido como sendo: Eklesia gentílica.
Bom... em meio a toda essa simbiose existente entre o mundo judáico e, o mundo grego, surge-nos uma nova pergunta: " como o Apóstolo Shaul/Paulo, conseguiu introduzir em meio a povos de cultura helênica, ensinos judáicos e, convence-los acerca da necessidade do arrependimento de obras mortas"? Cremos que, com certeza, toda essa ação e/ou estratégia de Paulo, teve como fator primordial, o mover do Ruach haKadosh, no entanto, sabemos que o Yah Elohim, sempre usou o ser humano para ensinar/instruir a outros seres humanos, acerca da necessidade do arrependimento. E, isso fica claro, quando nos deparamos com um ensino que o próprio Yeshua nos outorgou, antes de ir para PAI, a saber: " Ide portanto, e fazei que toda as nações se tornem discípulos". MatitYahu(Mt) 28:19
Como podemos observar, a bagagem cultural que o Apóstolo Shaul possuia dos três mundos em que estava inserido, a saber: o mundo judáico; o mundo grego e, o mundo da conversão, contribuiu para que as Boas Novas de Salvação chegasse até os "gentios" e, também aos Yehudim que residiam fora de Yerushalayim.
Vejamos...
De acordo com as Escrituras, o Apóstolo Shaul/Paulo em suas viagens missionárias por toda Àsia Menor e Grécia, tinha por estratégia, iniciar sua pregação nas Sinagogas, ensinando acerca da Lei e dos Profetas aos Yehudim(judeus), bem como a respeito da promessa de Salvação por parte de Elohim a IsraEl, mediante o Mashiach Yeshua, conforme podemos observar em todo o texto de Atos capítulo 13. Entretanto, é possível percebermos nesse mesmo texto, a resistência de alguns Yehudim dessas localidades, ou seja, fora de Yerushalayim, em relação a seus ensinos!
No entanto, como já dissemos anteriormente, Shaul, por entender que a salvação de Yah Elohim, não se restringia apenas aos judeus, viu a seguinte necessidade: expandir as fronteiras de Yerushalayim, de modo que, as Boas Novas de Salvação, alcançassem as demais nações! E, é exatamente nesse ponto que está o foco de nosso trabalho: mostrar a importância da obra missionária de Shaul, com suas estratégias repletas de uma grande bagagem cultural, a qual, permitia-lhe transitar pelos mundos no qual estava inserido e, por assim ser, fazer uso de linguagens/discursos/literaturas/ditados populares que proporcionava a quem o ouvia, a compreensão acerca do que ele estava falando.
Assim sendo, o conhecimento diversificado de Shaul/Paulo, era sua maior estratégia! E, no seu conhecimento judáico, ele sabia que, o local de aprendizado dos Yehudim(judeus) era a Sinagoga, porém, como conhecedor da cultura grega, ele sabia que, um dos locais de debates e aprendizado pára os gregos, eram as academias! E, foi para esse ambiente acadêmico que Shaul/Paulo se dirigiu, conforme podemos observar no texto abaixo:
Atos 19:8-12 " E, entrando na Sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do Reino de Elohim. Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na Escola de um certo Tirano. E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Adon Yeshua, assim Yehudim(judeus) como gregos. E Elohim pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam."
Atentem-se que o Apóstolo Shaul/Paulo, ficou um bom período ensinando os "gentios" da Àsia e, de acordo com o texto acima, por um período de 2(dois) anos!!! Daí, crermos que o conhecimento do mundo grego, proporcionou a Paulo, as condições favoráveis para apresentar aos gentios do mundo helenizado, as Boas Novas de Salvação, numa linguagem familiar... que gerasse entre Paulo e os "gentios" uma empatia, uma aproximação e, um interesse de ouvir o que Paulo falava.
E, como já dissemos anteriormente, o conhecimento de causa da filosofica grega, com seus discursos, com suas literaturas e, religiosidade serviu de estratégia para Shaul apregoar entre os gregos, o Reino de Elohim! E, nesse propósito de levar aos "gentios, a Mensagem da Salvação, constatamos inúmeras vezes nas Escrituras, Shaul/Paulo lançando mão de conceitos filosóficos em suas pregações, onde podemos citar como exemplo: as cartas ele que escreveu para a comunidade de Corinto, com intuito de resolver problemas internos.
Na primeira Carta aos Corintios, o Apóstolo fez menção de um texto cômico, chamado Thais, do autor Meandro, onde vemos a máxima que muitos de nós conhecemos ou, até mesmo a citamos como advertência, a alguém que é pego em algum tipo de conversa inadequada. E, que máxima e/ou dito é esse? E, a resposta é: "As más conversações corrompem os bons costumes".1Cor 15:33 Essa frase/dito/máxima, ao contrário do que muitos imaginam, NÃO é de Paulo, ao contrário! Essa frase faz parte da cultura dos próprios Corintios e, foi a essa cultura que Shaul recorreu para ensiná-los e, exortá-los a respeito de ensinos contrários ao que ele já havia ensinado a respeito da Ressureição dos mortos.
Pelo que podemos observar nas Escrituras, havia em meio ao Corintios, aqueles que apregoagavam que a Ressureição não existia, corrompendo dessa forma, a muitos, em sua certeza, em sua confiança e esperança de serem Ressucitados segundo a promessa contida na Palavra de Elohim, conforme podemos observar no texto abaixo:
Yohanan(Jo) 6:40 " Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia".
Outro episódio marcante na vida de Shual/Paulo, foi o discurso feito por ele no Areópago de Atenas ( ler Atos 17:18-28), local onde os atenienses se reuniam para falar; expor; debater a respeito de várias questões pertinentes a sociedade e, com isso, encontrar um "denominador comum", uma solução para tais questões. Também era nesse local, que o Conselho da Cidade e o Supremo Tribunal se reunia.
Percorrendo o texto mencionado acima: Atos 17:18-28, deparamo-nos com Shaul/Paulo sendo levado ao Areópago de Atenas, por um grupo de filósofos Epicureus e Estóicos, com os quais debatia a respeito de seus ensinos... a respeito das Boas Novas de Salvação, de modo estratégico, ou seja, fazendo uso de seu conhecimento acerca da religiosidade dos atenienses, para falar sobre o Elohim de IsraEL... "aquEle que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo Adon(Senhor) do céu e da terra, que não habita em templos feito por mãos de homens e, nem por este é servido como se dele necessitasse de alguma coisa... "
Foi esse discurso de Shaul/Paulo que gerava entre os filósofos atenienses, curiosidade; o interesse em ouvir o que ele falava... afinal, Paulo trazia consigo uma bagagem cultural dos mundos em que estava inserido! E, no ambiente em que ele se encontrava naquele momento, ele soube como ninguém, fazer uso do mundo grego para se fazer entender entre os gregos! E, dentre as estratégias usadas por Paulo, estava a literatura, na qual recorreu a três poetas gregos, a saber:
1º - Epimêndis - foi o primeiro poeta ser citado por Shaul/Paulo. Pertence a ele a frase onde se afirma o seguinte: " pois nele vivemos, e nos movemos e existimos".
É exatamente essa frase que encontramos no texto em Atos 17:28, onde lemos : "Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração".
Perceberam a importância do conhecimento no apregoar as Boas Novas de Salvação? Percebram como Shaul/Paulo soube aproveitar do conhecimento que tinha acerca do mundo grego, para se fazer entender em meios aos gregos? Isso é o que chamamos de estratégia!
2º - Arato de Cilícia ( local de onde Shaul veio)
3º - Clentes de Assos
Esses dois últimos poetas citados por Shaul em seus ensinos, escreveram um Hino a Zeus, hino esse citado no texto que se encontra em Atos 18: 28c, onde lemos o seguinte: " pois somos também sua geração."
Observe leitor, que Paulo usou a cultura "pagã" dos gregos, para evangelizá-los! Soube usar como ninguém de estratégias que fizesse com que seu discurso chamasse a atenção dos atenienses, de modo a fazê-los refletir... meditar acerca do que Paulo falava! Atentarmo-nos para esse fato, é fundamental! E, por que assim afirmamos? E, a resposta é: porque, muitos em sua ânsia de querer falar a respeito do Reino de Elohim, acham que o conhecimento de causa, é desnecessário! Acham que só o fato de saber o nome do Altíssimo e do Ungido, já é o suficiente para sair por aí na condição de emissário; de apregoador das Boas Novas! Não aceitam aprender com os demais na Congregação, colocando-se na condição de quem tudo sabe e, o que precisam aprender, afirmam aprender com o próprio Mashiach e, não com aqueles que receberam o chamado para mestre na Congregação! São exatamente esses que, por falta de conhecimento, por falta de humildade, levam muitos para o abismo; aprisionam muitos na ignorância!
Percebem como o conhecimento é importante no apregoar das Boas Novas? No manifestar de nossa emunah, ou seja, daquilo que temos como verdade em nossa vida? Foi o conhecimento cultural de Paulo, a respeito do mundo grego, que possibilitou a este, fazer associações entre esse mundo grego (com sua religiosidade; literaturas; ditos populares; discursos filosóficos) e, aos demais mundos em que ele estava inserido (judáico e o da conversão), de modo a estabelecer para com os Atenienses, um diálogo inteligível, ou seja, um diálogo em que a Mensagem das Boas Novas de Salvação, pudesse ser compreendida facilmente! Querem ver um exemplo?
Vejamos o texto abaixo:
Atos 17:23 "Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio."
Observem que, a estratégia de Paulo, ao fazer menção da religiosidade dos Atenienses, não foi ofender a crença deles, nem colocar-se como melhor ou maior que estes em conhecimento, mas sim, trazer-lhes um entendimento que até então eles não tinham, a saber: somente a um único Elohim, devemos adorar! E, que Elohim é esse? E, a resposta é: YHWH, o Elohim de IsraEL, o qual fazia com que eles se movessem; o qual lhes concedia vida e, faziam deles uma geração. Era na direção desse Elohim que eles precisavam seguir, afim de terem sua sede espiritual, saciada. Daí, a necessidade de abandonarem os demais ídolos, os quais em si, nada são, conforme lemos no texto a seguir: " ... o idólo nada é no mundo e, que não há outro Elohim, senão um só". 1Cor 8:4
Outro ensino escritural, que contribui ainda mais para iluminar o que estamos falando, encontra-se no texto de 1 Cor 12:12-27, o qual aborda sobre a Unidade na Congregação. Nesse texto, Shaul/Paulo, recorre a seguinte figura de linguagem: Metáfora, para se fazer entender a respeito da Unidade Espiritual. É através dessa figura de linguagem, que ele associa a Unidade Espirital ao ajuste e/ou harmonia existente entre as partes que compõem o corpo humano.
O uso desse recurso linguístico, fez-se necessário não apenas para consolidar em meio as Comunidades helênicas, a Emuna no Evangelho da Salvação, mas também, as condições necessárias para não se deixarem levar por ensinos contrários aos que Shaul apregoava no meio deles.
Quando lemos esta carta, encontramos alí Shual/Paulo, logo de inicio fazendo um exortação referente a falta de unidade entre os crentes desta congregação, conforme podemoss observar no texto abaixo:
1Cor 1:11 " Meus irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vocês".
A falta de Unidade entre os crentes de Corintos era tão grave que, até mesmo questões relacionadoas aos dons espirituais, estavam servindo de contenda entre eles! Daí, Shaul lançou mão da metáfora do corpo, de modo a mostrar aos Corintos que, assim como cada membro do corpo trabalha em unidade para que as ações de comando do cérebro sejam bem efetuadas pelas demais partes do corpo, do mesmo modo, deve ocorrer entre os crentes da Congregação, ou seja, os dons concedidos a cada membro, são para promover Unidade; Edificação e, o Crescimento Espiritual do Corpo/Congregação.
É comum, depararmo-nos com discursos no qual se afirma o seguinte: "o ensino da metáfora do Corpo, usado por Paulo, é de sua própria autoria" e, outros afirmam que tal discurso, é uma espécie de revelação, que o Eterno concedeu a ele. Porém, não é isso que as evidências historiográficas nos revelam! O que vemos nas evidências é o seguinte: o uso da metáfora do Corpo, é um ensino retirado da própria cultura literária existente naquele ambiente greco romano, sendo adaptado por Paulo, para facilitar o entendimento daqueles que o ouviam, uma vez que, esse conceito era conhecido entre os gregos.
Abaixo, reproduziremos partes de historietas (narrativas curtas) de textos latinos, dentre eles:
a) Antiguidades Romanas, de Dionisio de Halicarnasso
" Uma pólis(Cidade) se assemelha em alguma medida a um corpo humano. Porque cada um deles é composto e consiste de muitas partes, e nenhuma de suas partes tem a mesma função ou desempenha o mesmo serviço que as outras" (AR: 6.86:1-2,4-5)
"Assim é também é (uma pólis) ela é composta de muitas classes de pessoas que não se parecem umas com as outras. Cada uma delas contribui com algum serviço específico par ao bem comum, tal como os membros do corpo humano.(AR).
b) História de Roma, de Tito Lívio, historiador do Império Romano
"Menêmio Agripa {...} disse-lhes a seguinte história à moda primitiva e tosca {9}. " Nos dias em que todas as partes do corpo humano não estavam, como agora, concordando entre si, mas cada membro tomando o seu próprio rumo e fazendo o seu próprio discurso, os outros membros indignados por verem que tudo que era adquirido pelos seus cuidados, trabalhos e ministérios ia para a barriga, enquanto ela, sem perturbação no meio deles, nada fazia, mas somente desfrutava dos prazeres por eles fornecidos, houve uma conspiração; [10].
A narrativa acima, descreve um político Romano enviado pelo Senado, com o objetivo de conversar com a plebe sobre a importância da Coesão Social do Estado, de modo a fortalecer esse Estado. Com base nesse discurso, procura-se mostrar que o Estado, assim como um Corpo, para funcionar perfeitamente, precisa ser coeso, ou seja, precisa ter Unidade; harmonia entre as partes que o forma!
Foi esse conhecimento do discurso grego, que possibilitou a Paulo, ensinar aos Corintos a importância da Coesão no Corpo Espiritual do Mashiach, numa linguagem que lhes era familiar... numa linguagem que possibilitava a eles, um melhor entendimento acerca do que Paulo ensinava, de modo a garantir ao Corpo(linguagem metafórica), Congregação(sentido literal), as condições necessárias para sua manutenção; para o seu equilíbrio, de modo a resultar em benefícios/crescimento/edificação, para cada membro que integra esse Corpo.
Uma outra estratégia utilizada por Shaul/Paulo e, que provavelmente pode até surpreender alguns que estão lendo este texto, é o uso do termo Evangelho, o qual, apesar de fazer uso do vocabulário das pessoas que tem contato com o mundo bílblico, não é um termo criado pelos autores do Novo Testamento! Na verdade, o termo Evangelho, durante o Império Romano, era amplamente usado, principalmente para divulgar e/ou relatar atos/benesses que Augusto proporcionava aos habitantes desse Império.
Assim sendo, cientes que o "divulgar"; o "apregoar e/ou "anunciar atos/benesses" realizado por alguém, tinha como termo: Evangelho, que resumindo, tem por significado: Boas Novas, ou seja, o anúncio e/ou o relato de algo novo! Para enriquecermos ainda mais, nosso conhecimento a respeito desse termo, convém mencionarmos o seguinte: o termo Evangelho, ao contrário do que muitos pensam, NÃO é uma palavra do vocabulário hebraico, mas SIM, do vocabulário grego! E, Shaul, conhecedor do significado desse termo e, como este era normalmente usado em beneficio dos imperadores, estrategicamente, fez uso desse termo para dizer aos novos convertidos que, na verdade quem trouxe o Verdadeiro Evangelho, ou seja, as Boas Novas, não foi o Imperador, mas SIM, Yeshua.
Podemos imaginar os riscos que Paulo corria, ao fazer esse tipo de pregação, visto que, Augusto, por seus atos em prol dos cidadãos romanos, era muito querido, a ponto de ser aclamado: Salvador do mundo... aquele que estabeleceu a paz e, a prosperidade. Em sua homenagem, construiu-se Estátuas com sua imagem, ao lado das de Deuses tradicionais em muitos templos, além de Santuários dedicados ao Imperador em postos estratégicos e, mais importantes de todo território do Império Romano.
John Crossan, afirma em seu livro: Em busca de Paulo, o seguinte: " No tempo de Paulo os Imperadores eram considerados divinos. Entre todos e acima deles, Augusto era chamado Filho de Deus, Deus e Deus de Deus. Era Senhor, Redentor e Salvador do mundo. As pessoas sabiam disso, verbalmente, pelos escritos de autores latinos como Virgílio, Horácio e Ovídio e, visualmente, por meio de moedas, vasos, esta´tuas, altares, templos e fóruns; em pórticos, estradas, pontes e aquedutos; nas paisagens e nas cidades estaelecidas. Essas coisas estavam por toda a parte, ao redor das pessoas, da mesma maneira como somos cercados hoje pela publicidasde e pela propaganda. " pgª 8
também encontramos em um documento chamado: OGIS ( Orientis graeci inscripitions seectae) o seguinte texto: " Ó divinissimo César... devemos considerá-lo igual ao Princípio de todas as coisas...."
Vejam que, no texto acima, o Imperador é colocado numa posição acima de todos os seres humanos, PORÉM, o discurso apregoado por Shaul/Paulo, contradiz a narrativa em favor do Imperador, conforme podemos observar no texto abaixo:
1Cor 8:5-6 " Porque, ainda que haja também alguns que se chamem Elohim/Theoi/Deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos Elohim/Theoi/Deuses e muitos Adonim/Kyrioi/senhores),Todavia para nós há um só Elohim/Theos/Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Adon/Kyrios/Senhor, Yeshua haMashiach, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. I Corintios 8:5,6.
Observem que, no texto acima, Shaul/Paulo diz que existem alguns que se chamam Elohim/Theoi/Deuses, mas não são, nem terra e nem nos céus. Isso no contexto em que Shaul/Paulo está inserido, soa como um ataque direto ao status imperial, mas ainda assim, Shaul, estratégicamente, apesar de perigoso, usou uma categoria importante para convencer aos gregos que creram em Yeshua, a saber: que este, Yeshua, era o verdadeiro portador das Boas Novas e, era Ele que deveria imperar, pois ao contrário de Augusto, Yeshua Ressuscitou! Por isso, Shaul/Paulo, sempre afirmava que estava pregando acerca do Mashiach ressurreto!
Outro texto interessante, para observarmos os risicos que Paulo corria em apregoar Yeshua como sendo o verdadeiro Imperador, ou seja, aquele que realmente reina e, NÃO Cesar, encontramos no texto abaixo:
Atos 17:6-7 " ...Estes que tem transtornado o mundo, chegaram até aqui, os quais Jason hospedou. Todos estes procedem contra o decreto de Cesar, afirmando ser Yeshua outro Rei".
Falaremos agora de outra estratégia utilizada por Shaul/Paulo, onde este mais uma vez, utiliza-se de categorias da cultura Imperial Romana, para apregoar o evangelho da salvação!
De acordo com evidências historiográficas, no momento em que o Exército Romano obtinha uma grande vitória sobre seus inimigos, ocorria nas ruas de Roma, uma espécie de espetáculo, que podemos chamar de " A Glória da Vitória". Era um desfile cerimonial, preparado com muito cuidado e minúcia, pois, além de ser um desfile civíco, também era religioso. O Genaral vitorioso, puxava uma procissão que exibia não somente os ricos despojos de guerra, mas também, as figuras mais eminentes do exército adversário, os quais, eram conduzidos acorrentados, especialmente o que ocupava a patente de General do Exército inimigo, o qual após exposição pública, era executado em uma cerimônia impotente, cumprindo assim, costumes ancestrais romanos.
Quando lemos atentamente um texto que, encontra-se em Colossenses, percebemos algo muito parecido com o que foi descrito/narrado acima, ou seja, encontramos o escritor desse texto, fazendo uso dessa "festa" romana, para falar da vitória de Yeshua sobre Satanás e, as potestades do mal, conforme podemos observar abaixo:
Colossenses 2:15 " E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando sobre eles na cruz."
Perceberam como o autor da carta destinada aos Colossenses, utilizou de maneira sábia, a cultura greco romana para apregoar o Evangelho, sem se preocupar se estava diante de cultura "pagã"? E, por que assim ele procedeu? Porque para alcançar êxito em sua missão de apregoar o Reino de Elohim, em meio aos gregos, Shaul/Paulo precisava fazer uso de estratégias que "disparassem gatilhos" na mente destes, de modo a compreenderem com facilidade, o que ele se propôs apregoar!
Daí, constatarmos a importância do conhecimento, na formulação de estratégias adotadas por Shaul/Paulo, em sua obra missionária! A importância de se conhecer o mundo em que o outro está inserido, de modo que, tal conhecimento, gere empatia entre ambas as partes! Mas, pra isso, faz-se necessário conhecimento... e dentre esse conhecimento, está o linguístico, que no caso de Shaul/Paulo, era o idioma grego! Tal conhecimento, possibilitou aos chamados "gentios", a compreensão do que Paulo falava, bem como o uso de termos e/ou conceitos hebraicos, que para o mundo helenizado, soava estranho... sem sentigo algum!
Como podemos perceber, o apregoar das Boas Novas, além dos muros de Yerushalaym, não foi tarefa fácil, pois exigia não apenas emunah, ou seja, certeza do que recebera e, estava disposto a compartilhar com terceiros, mas também coragem para mostrar aqueles que, viviam em mundo alheio aos princípios contidos na Torah, a necessidade do arrependimento; acerca da Salvação; o reconhecimento de que somente a um Único Elohim, deveríamos adorar... dentre outros!
Através desse estudos esperamos ter conseguido transmitir ao leitor que, Shaul usou de estratégias na qual a cultura grega foi seu grande trunfo. Assim sendo, o discurso que coloca a língua e cultura gregas como algo que deturpou/distorceu as escrituras não faz sentido, pois foi através dessa cultura e desse idioma que o evangelho ultrapssou as fronteiras de Israel, alcançando multidões.
Portanto aquele que coloca a mão no arado, que se mantenha firme em busca do conhecimento e, de estratégias que possibilite uma pregação eficaz das Boas Novas de Salvação!
Bibliografia.
CHEVITARESE,André Leonardo. Cristianismos: Questões e Debates Metodológicos.
HORSLAY, Richard A. Jesus e o Império: O reino de Deus e a nova desordem mundial.
REINKE,André Daniel. O outros da Bíblia: História, fé e cutura dos povos antigos e sua atuação no plano divino.
CROSSAN, John Dominic. Em busca de Paulo: Como o Apóstolo de Jesus opôs o Reino de Deus ao Império Romano. São Paulo: Paulinas, 2ª edição, 2007.
Biblia da Jerusalém. Novo Testemento.