Compreendendo a Respeito do Hebraico Arcaico/antigo - " Hebraico bíblico"

A elaboração desse estudo, tem por objetivo desmistificar conceitos errôneos a respeito de textos hebraicos de nossa era, os quais, são vistos por alguns, como sendo hebraico "moderno", "corrompido"; oriundo de povos pagãos... mas a questão é: no que eles se baseiam para fazer tais afirmações?
 
Fazemos essa pergunta, porque é comum nos depararmos com pessoas "exaltando"; "valorizando" o termo hebraico "arcaico", em detrimento dos textos por eles considerados "modernos"! E, saber em que eles se baseiam, é o começo para buscarmos a veracidade dos fatos!
 
E, nessa busca por respostas, uma das perguntas que nos vem a mente é: o que se entende a respeito do hebraico arcaico? Por acaso, tais textos se diferem "tanto" dos textos massoréticos em hebraico de nossa Era, a ponto de enxergarem esses textos massoréticos, como textos corrompidos pela pena dos Yehudim(judeus); como sendo "modernos" e; sem valor? Que evidência se tem para afirmar que o que temos hoje não serve? E que evidências arcaicas/antigas, são apresentadas para corroborar com esse discurso de desvalorização dos textos massoréticos em hebraico?
 
Precisamos ter em mente o seguinte: falar de um povo antigo; com sua cultura e costumes antigos; NÃO pode ser feito com a nossa mente de hoje! Não há como olharmos para o passado, com nossas lentes voltadas para o presente! Quem assim faz, comete anacronismo, tornando seu discurso totalmente fora do contexto a ser analisado! 
 
Portanto, para falarmos a respeito de um povo e, de sua história, faz-se necessário termos conhecimento de causa! Faz-se necessário termos conhecimento temporal dos fatos ocorridos; o conhecimento temporal da sociedade analisada e, nos fatores que envolvem essa sociedade, tais como: o econômico; o religioso; político; geográfico; linguístico! 
 
Do mesmo modo que, um médico que leva a sério sua profissão em zelar pela vida e saúde de seu paciente, solicita a este um série de exames para então, ter condições de emitir um parecer preciso a respeito dos sintomas que seu paciente apresenta, o mesmo deve ser feito por aqueles que buscam o conhecimento! É preciso sermos zelosos em nossas análises, adotando critérios que nos leve ao conhecimento dos fatos, ao invés de suposições; ao invés de "chutômetros"! Precisamos aprender a fazer prova do que ouvimos; do que nos chega as mãos! Precisamos ter em nós o desejo de adentrar nas águas do conhecimento; do interesse em aprender, para então estarmos aptos a repassarmos com eficácia o conhecimento adquirido!
 
Assim sendo... voltando para o tema desse estudo, a pergunta que fazemos é: O que se entende por Hebraico Arcaico/Antigo, chamado por alguns de "Hebraico Bíblico?" Difere este hebraico do que hoje fazemos uso?
 
Há quem diga que SIM! Porém, também há quem diga que NÃO! E, afim de trazermos ao leitor um entendimento a respeito desse assunto; faremos uma análise contextual de fatos e evidências, de modo que, o leitor tenha condições diante dos fatos, emitir seu próprio parecer acerca do que temos em mãos e, do que temos crido!
 
Começaremos então, nossa abordagem, com aqueles que consideram os textos massoréticos "corrompidos" e "modernos". Que veem esses textos como sendo textos que induzem o homem ao erro, visto que neles estão contidos termos  e, nomes "adulterados"... será ???
 
Bom... o pensar dessa forma, é um direito que, estes possuem! Mas, a questão é, o que estes afirmam, condiz ou não com as evidências arqueológicas; escriturais; linguísticas, dentre outros? Afinal, como já dissemos, a compreensão do passado, não se dá com a lente voltada para o presente! Sendo assim, perguntamos: o que tem levado os que assim procedem, a não darem crédito aos textos massoréticos? No que eles se baseiam para "desmerecer tais textos/manuscritos? 
 
São esses questionamentos que devem ser feitos por todos que anseiam pelo conhecimento da Verdade! Até porque, para toda acusação, para todo o descrédito a respeito de algo e/ou alguém, faz-se necessário da parte de quem assim procede, o ônus da prova, concordam? Logo, quando afirmamos que algo é verdadeiro ou falso, precisamos apresentar provas que testifiquem nossa afirmação! Mas... infelizmente, nem todos procedem dessa forma e, o resultado que se obtém disso é, a reprodução de ensinos errôneos, cujo conceito não tem base escritural.
 
Vejamos...
 
O que seria o Hebraico Arcaido? E o que seria o Hebraico Moderno?
 
É muito comum nos depararmos com pessoas que diante de escritos hebraicos e, ensinos hebraicos, que contém sinais massoréticos; os menosprezam, chamando-os de hebraico "moderno", hebraico "corrompido" pela pena dos eruditos Yehudim, pela escrita do "homem"!
Estes que assim fazem, afirmam que o hebraico "puro", é o arcaico! E, diante disso, surge-nos a seguinte pergunta: O que seria o Hebraico Arcaico e, o que seria o hebraico moderno? Como distinguir um do outro?
É muito comum, quando questionamos os que agitam a bandeira do hebraico "arcaico", onde eles pautam suas afirmações a respeito desse assunto, ou onde estão contidas as palavras "puras" do hebraico que eles tanto defendem e, apregoam como sendo do hebraico arcaico, a resposta que obtemos destes são sempre as mesmas:
1 - desenhos/fotos, mostrando as formas do alfabeto arcaico/antigo, forma essa conhecida por todos que tem o mínimo de conhecimento do hebraico; 
2 - também mostram a forma de grafia do hebraico moderno/quadrático, o qual passou a ser usado após o período do exílio babilônico;
3 - também apresentam a forma de escrita pictográfica, neste caso não temos a escrita hebraica, mas SIM, desenhos que representam uma respectiva letra. Essa grafia é muito parecida, com o antigo alfabeto fenício.
Um ponto importante a mencionarmos, é o seguinte: a diferenciação entre a escrita pictográfica; o hebraico arcaico e/ou antigo; o hebraico moderno e/ou quadrático, está apenas na forma de escrita, pois  o significado das palavras e/ou desenhos, continuam as mesmas, ou seja, a letra hê pode ter sofrido mudança nas formas de grafia, mas seu significado continuou o mesmo! O mesmo aconteceu com o lâmed; com o alef; com o vav e, por aí adiante!
 
Quando nos deparamos com pessoas que invalidam o hebraico que hoje temos disponível; que menosprezam o trabalho dos massoretas, taxando-os de pessoas que corromperam o hebraico, o que nos chama a atenção é: quem destes que assim procedem saberiam ler o hebraico, se não fosse o trabalho dos massoretas em vocalizar as palavras contidas na Tora; nos escritos hebraicos e, no livros dos profetas?
Perguntamos: quem sabe falar e ler o hebraico arcaico/antigo? Quem tem em mãos achados arqueológicos; fontes primárias, nas quais estão contidas textos bíblico arcaicos, de modo a testificar que o hebraico bíblico, hoje falado, é diferente do que se falava na antiguidade?
De acordo com achados arqueológicos, o texto hebraico bíblico mais antigo, é o texto de Exodo 15, onde temos o cântico de Moshe. 
É muito comum, quando em nossos estudos, ao fazermos uso de textos hebraicos antigos, ouvirmos o seguinte: " vocês estão usando textos "modernos"; "corrompidos"! E o que nos vem a mente é: O que seria esse hebraico "moderno" do qual as pessoas tanto falam? 
 
Bom... ao perguntarmos para essas pessoas, o que pra elas é o hebraico moderno, a resposta que obtemos é sempre a mesma, ou seja: na visão destes, trata-se de um hebraico, no qual os textos nele contido, possuem sinais massoréticos, os quais corrompem/adulteram, os termos corretos contidos nas Escrituras! E, diante dessas afirmações, surge-nos uma nova pergunta: o que leva a pessoa acreditar que, os textos massoréticos serviram para corromper as palavras contidas nas Escrituras? 
 
Atentarmo-nos para esse fato, é de grande importância e, sabem por quê? Porque na falta de conhecimento, corremos um grande risco de reproduzirmos ensinos errôneos, tais como: taxar o que é ANTIGO, como "moderno" e, o que é MODERNO, como sendo antigo! 
 
Esse tipo de comportamento tem dificultado a muitos, de compreenderem as Escrituras e, de enxergarem as evidências! Por isso, vemos pessoas "capengas"; inseguras; inconstantes acerca do que afirmam crer e, do que apregoam! Pessoas que, diante daqueles que colocam em "xeque" o que eles afirmam; tremem em suas bases, pois nas mesmas, não há segurança, não há credibilidade; não há certeza! E, onde não há certeza, há um grande espaço a ser ocupado pela dúvida!
 
Faz-se necessário, o despertar para o conhecimento!
 
E, na falta deste, há quem diante de termos/palavras, tais como: Adonay; El; Elohim; Shalom; Adon; Amém; Melech; Mashiach; Shamaim; Ruach; Kadosh... afimem que, estes não devem ser pronunciados, em razão de acreditarem que os mesmos, são resultados do hebraico "moderno", no qual os termos, encontram-se corrompidos pelos sinais massoréticos! 
 
E, nisso, mais uma vez, buscamos resposta para a pergunta que não quer calar: Com base em que, esses que assim afirmam; baseiam suas "teorias"; com base em que, testificam suas afirmações?
 
Afirmar que o hebraico moderno, é resultado da corrupção dos massoretas, é muito fácil! O difícil é provar, uma vez que, a busca pelo conhecimento da verdade, não anda de mãos dadas com a ignorância e, o conhecimento, não é algo que se alcança, mediante conclusões preciptadas! Por isso, precisamos ter a pré disposição de avaliarmos se o que nos chega as mãos; aos ouvidos e, aos olhos, é verdadeiro ou não!
 
E, por assim pensarmos e agirmos, no avanço de nossos estudos e, pesquisas, a cada dia, vamos nos dando conta, do importante papel exercido pelos massoretas, de modo a reconhecermos que, sem o trabalho árduo desses homens, dificilmente seríamos capazes de ler as Escrituras em hebraico! Sem o trabalho árduo desses homens, em promover através dos sinais vocálicos, a leitura dos textos em hebraico, não saberíamos qual a mensagem contida nestes!
 
Portanto, para os que menosprezam o trabalho dos Massoretas; para os que desmerecem os textos massoréticos; fazemos a seguinte pergunta: " se há em vosso meio quem fale o hebraico, responda-nos: de que maneira essa pessoa aprendeu o hebraico? De que forma conseguiu diferenciar palavras com escritas semelhantes nesse idioma, mas com pronúncia e significado diferente? 
 
Ora, com certeza, tal aprendizado se deu com o auxílio de sinais massoréticos, os quais à medida que o indivíduo avança no aprendizado desse idioma, no que tange ao ler, ao escrever, ao falar, deixa de ser essencial, ou seja, o indivíduo não fica preso/dependente destes sinais para saber a pronúncia e o significado das palavras em hebraico.
 
Assim sendo... como desmercermos algo que nos auxilia no aprendizado de um idioma que não é o nosso? Como desmerecermos algo que é semelhante as "rodinhas", que acompanham a bicicleta daquele que, ainda não sabe andar nela?
 
Bom... agora que já fizemos uma pequena introdução a respeito do hebraico arcaico e, da importancia dos massoretas, para que hoje, tenhamos condições de lermos textos em hebraico, começaremos nossa análise fazendo uso de uma tese de Doutorado de ELIANA MALANGA, onde ela afirma o seguinte:
 
A questão da datação dos textos bíblicos se relaciona à história da língua hebraica por duas vertentes: por um lado, as características gramaticais e semânticas dos textos ajudam a datá-los; por outro, os fatos descritos nos textos e os elementos míticos que os compõem, funcionando como indicativos sobre a época provável de sua redação, colaboram para que se estabeleça uma datação da formação e da evolução do idioma hebraico. Quando dizemos que o hebraico bíblico divide-se em três períodos — arcaico, Primeiro Templo e Segundo Templo —, estamos utilizando períodos que têm por base fatos descritos na Bíblia. Mas, quando se afirma que o Livro de Daniel é do século II a.E.C., é a partir do uso intenso do aramaico que se pode estabelecer tal datação."
 
O que nos chama a atenção na afirmação da Eliana é, o que diz respeito a DATAÇÃO dos textos bíblicos! Compreender a respeito disso é FUNDAMENTAL! E, por que assim afirmamos? Porque como já dissemos no início desse estudo, quando olhamos para o passado com as lentes focadas no presente, a análise das informações colhidas, é anacrônica!
 
Daí, Eliana afirma que, a datação dos textos bíblicos se relaciona à história da língua hebraica. E, de que forma se dá esse relacionamento? Segundo a autora, através das características gramaticais e, semanticas dos textos, bem como, os elementos que o compõem! 
 
E, baseando-nos nessa afirmação de Eliana Malanga, fica mais fácil compreendermos que, através da forma como um texto é elaborado; bem como a construção verbal usada pelo autor em seu texto e, o tipo de palavras usadas nesse texto, leva-nos a uma provável datação do período em que, o mesmo foi escrito! Por exemplo: quando nos deparamos com as seguintes palavras: photografia; pharmacia; propheta..., sabemos que estamos diante de textos antigos, pois tais palavras não correspondem ao vocabulário de nossos dias!
 
Abaixo, colocamos alguns exemplos, para facilitar ao leitor o entendimento do que estamos falando:
 
Exemplo 1 - frase de Machado de Assis, escrito brasileiro do século XIX - Estilo literário: Realismo:
 
" Botas... as botas apertadas são uma das maiores ventura (sorte) da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo (motivo/razão/causa) ao prazer de descalçar."
 
Exemplo 2 - poema: Amor fiel. Autor, Gregório de Matos, escritor do Século XVIII - Estilo literário: Barroco:
 
" Ó tu do meu amor fiel traslado
Mariposa entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.
 
Tu de amante o teu fim hás encontrado
Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado."
 
Exemplo 3 - texto extraido da Sociedade Americana da Bíblia, ano 1848 ( Século XIX):
 
Bereshit(Gn) 1:28 " E Deos os abençoou, e Deos disse-lhes: fructificai e multiplicai-vos e, enchei a terra, sugeitando-a; e senhoreai sobre os peixes do mar, sobre as aves do ceo, e sobre todo o animal que se move sobre a terra."
 
Pode ser que alguém se pergunte: " mas o que tem esses autores e, suas obras com o estudo aqui elaborado, juntamente com o texto bíblico? E, a resposta é: tudo a ver, quando nos propomos a fazer um paralelo com a afirmação de Eliana Malanga, a saber: "a datação dos textos está relacionada a gramática; a semântica e, aos elementos que compõem esses textos"
 
Portanto, quando elaboramos esses exemplos, nosso objetivo foi de mostrar ao leitor o seguinte: a forma como o texto é escrito; bem como as palavras nele contidas; ajuda-nos a estabelecer o período em que ele foi escrito e; o estilo literário em que ele está inserido! É esse cuidado que devemos ter, para avaliar se um texto é antigo ou não!
 
No quadro abaixo, encontra-se a classificação feita por Eliana Malanga, do hebriaco bíblico, em três períodos, são eles: o período Arcaico; o período Pré exílico/Clássico e; o período Pós exílico.
 
 

Corroborando com o quadro comparativo de Eliana Malanga, deparamo-nos com a seguinte afirmação contida no trabalho " Língua hebraica: Aspectos Históricos e Características" do autor Edson de Faria Francisco: "os textos de Gn 49:; Exodo 15; Nm 23 e 24; Dt 32; e 33; Jz 5; Salmos 18; Salmos 68, são textos que apresentam composião muito antiga, onde alguns datam do Século XII AEC( Antes da Era Comum). como é o caso do texto de Exodo 15 e Juízes 5  ( Cântico de Débora). Já os textos de Salmos 18 e Salms 68 surgiram provavelmente na época da Monarquia Unida, em Israel, ou seja, entre o século XI e X AEC(Antes da Era Comum)." 

Ainda de acordo com esse autor, todos os textos poéticos, transmitidos oralmente de geração em geração, foram posteriormente colocados por escrito! O que explica o fato do primeiro texto bíblico a ser composto, Juízes 5, ter sido escrito provavelmente por volta de 1125 AEC(Antes da Era Comum), ou seja, logo após os fatos alí relatados!
 
O que nos chama a atenção para as informações contidas no trabalho desenvolvido por Edson de Faria é, o fato de que nem tudo o que nos parece ser antigo, é tão antigo quanto imaginamos! Observem que, tanto Edson de Farias, quanto Eliana Malanga, estabelecem como sendo textos arcaicos/antigos, alguns textos, os quais não se tem vestígios/fragmentos! O que denota a antiguidade desses textos, em relação aos demais, são os elementos que o compõem, ou seja, as palavras nele contidas e, a forma como o texto é elaborado! É acerca disso, que temos procurado falar àqueles que acompanham nossos estudos!
 
É preciso deixar bem claro o seguinte: NÃO É O FATO DE UM TEXTO HEBRAICO SER ESCRITO COM SINAIS MASSORÉTICOS, QUE O TORNA UM TEXTO "MODERNO"! MAS SIM A SUA CONSTRUÇÃO, ONDE ENCONTRA-SE PRESENTE, ELEMENTOS QUE NÃO CORRESPONDEM A UM PERÍODO ANTIGO!
 
Vejamos as listagens contidas na figura abaixo, extraído da obra de Edson de Faria Francisco - Língua hebraica: Aspectos Históricos e Características
 
 
Percebam nos quadros acima que, o idioma hebraico sofreu com o passar do tempo, variações! Um exemplo a ser citado é a palavra Adam(homem)! Essa forma, quando comparada com outros textos considerados antigos, NÃO se faz presente para se referir a homem! A palavra que encontramos em textos antigos para designar homem é: Enosh e, Nabar! 
 
Outro exemplo de variação que encontramos no idioma hebraico, com o passar do tempo, diz respeito ao próprio Nome do Eterno! Vejam que nos textos datados como sendo arcaicos/antigos, a forma usada para se referir a ELE é: YH(Yah) e, não YHWH. Atenção!!! Não estamos aqui afirmando que YHWH seja incorreto! O que estamos afirmando é, que a forma mais antiga encontrada nos textos hebraicos para se referir ao Criador dos céus e da terra, é a forma YH. É essa forma que encontramos no Cântico de Moshe e, em Salmos!
 
É, claro que a forma YHWH, também é antiga, mas o que as evidências textuais nos revelam é que, essa forma é encontrada em textos posteriores, em que encontramos a forma YH!  
 
Daí, àqueles que enaltecem o hebraico arcaico/antigo, em detrimento aos textos massoréticos, perguntamos: por que não levam em conta, o uso da forma Yah(YH), visto que, esta forma é a mais antiga encontrada nos textos hebraicos, para se referir ao Altíssimo?
 
Mais uma vez tomamos o cuidado para afirmar o seguinte: não estamos aqui desmerecendo a forma YHWH! Estamos SIM, falando de hebraico antigo! É claro que a forma YHWH consta inscrita em achados que antecedem a escrita hebraica, como por exemplo a Estela de Mesha, mas tal escrito NÃO é em hebraico, mas sim, num idioma semelhante a este, a saber, o idioma moabita, o qual assim como o hebraico, também faz parte da língua semita! Por assim ser, deixamos claro o seguinte: Estamos falando de textos em hebraico! E, no que diz respeito a textos arcaicos, a forma que encontramos para se referir ao Altíssimo, é a forma reduzida Yah(YH).
 
Atentarmo-nos para as informações contidas nos quadros acima, é de grande importância! E, por que assim afirmamos? Pela seguinte razão: o discurso em que se coloca o hebraico arcaico num patamar de "santidade e; de "pureza", sobre o hebraico pré e pós exílico, não faz sentido, quando constatamos que, a formação do idioma hebraico, não se deu de uma hora para outra; não "caiu" do shamaim(céu), como muitos pensam, mas SIM, deu-se através da influência linguística e literária de povos vizinhos, tendo no acadiano, sua raiz triconsonantal!
 
Portanto, precisamos ter em mente o seguinte: na divisão do Hebraico Bíblico, NÃO consta o Hebraico Moderno! O que se tem é o hebraico arcaico; o hebraico pré exílico e; o hebraico pós exílico! Daí, depararmo-nos com palavras semelhantes em sua grafia, quer seja em textos datados do Século III-II AEC, como os textos massoréticos do Século X EC. 
 
É preciso levarmos em conta o contexto cultural; geográfico; religioso e; linguístico de um povo, de modo que, conhecendo-os, possamos enquadrá-los no período do qual ele faz parte!
 
Assim sendo, afirmar que os textos hebraicos de nossa Era, são modernos pelo simples fato de nele estarem contidos sinais massoréticos, é um erro gravíssimo! Visto que, termos/palavras contidas em textos considerados "modernos", são os mesmos que encontramos em textos datados do Século II Antes do Ungido!
 

Vejamos as figuras abaixo:

Foto 1: fragmento do texto de Deuteronômio 32:8, achado em Qumram - Século III AEC

 

Foto 2 - Rolo do profeta YeshaYahu, achado em Qumram (Século II AEC)

Foto 3: Papiro de Nash, achado no Egito - Século II AEC

Foto 4 - Rolos do Templo, fragmentos achados em Qumram ( Século I AEC - I EC)

 

Vejamos agora os texto massoréticos abaixo, datados do Século X EC:

Foto 1 - Codex de Aleppo

Foto 2 - Codex de Leningrado

Como podemos perceber, nem sempre o que nos parece ser, é! Por isso, em nossas afirmações, faz-se necessário uma contextualização dos fatos, de modo que o que afirmamos tenha base escritural; histórica; linguística!

Comparando a grafia das palavras contidas nos textos datados do Século III AEC - I EC, com as que encontramos nos textos datados do Século X EC, percebemos a semelhança entre elas, o que denota exatamente o que temos procurado mostrar ao leitor, ou seja: o fato de que, o Hebraico Bíblico NÃO é formado pelo hebraico moderno! É preciso ter em mente que o Cânon judáico foi fechado no Século I EC, e seu formato continua até os dias de hoje! 

Também, faz-se necessário saber o seguinte: A "biblia" hebraica, que hoje temos, é baseada no Codex de Leningrado, o qual já mostramos, não apresentar diferenças "gritantes" em seu texto, em comparação com os demais textos antigos que o antecedem. Portanto, não faz sentido considerar que o hebraico bíblico que fazemos uso nos dias de hoje, como sendo "moderno" ou "corrompido", pelo simples fato de nele estar contido sinais massoréticos!

Abaixo, colocamos uma sequência de imagens referentes a uma matéria, a qual faz menção de um achado, datado de 1500 anos, ou seja, entre o Século I AEC-I EC. Nesse achado obtido na Sinagoga Ein Gedi, está contido versículos do texto de Levítico, vejamos:

Toda a leitura fornecida nessa matéria é rica em detalhes! E, dentre tantas informações importantes citadas nessa matéria, destacamos as seguintes afirmações: " Estudos fundamentados na caligrafia histórica situam a data desta escrita no primeiro ou segundo século EC. Quando os pesquisadores leram o texto digitalmente aumentado, descobriram que TODAS as palavras e espaços de parágrafos eram absolutamente idênticos aos do texto da Torá utilizada nos dias atuais!"

 
Que informação preciosa, obtemos nessa matéria! Vejam que a testificação da autenticidade do objeto em questão/análise, NÃO se deu através de "suposições"; nem de "achismos"; nem de "chutômetros"! Deu-se através de meios científicos, no qual ficou constatado que, esse fragmento textual, achado na Sinagoga de Ein Gedi, possui uma padronização no que diz respeito a grafia das palavras e, ao espaçamento de parágrafos; idênticos aos textos contidos na Torah utilizada em nossos dias atuais!
 
Outra informação valiosa obtida através dessa matéria é, a afirmação feita por EmmanuEl Tov, onde lemos o seguinte: " Para nós, isto é espantoso. Este texto não mudou em 2000 anos."  EmmanuEl prosseguiu em sua afirmação, dizendo o seguinte: " Não pode ser coincidência a Sinagoga em Ein Gedi, queimada no sexto século, alojar um antigo pergaminho cujo texto é COMPLETAMENTE IDÊNTICO aos textos medievais. E, ainda mais, que a mesma corrente central do judaismo que usou este manuscrito do Levítico num dos primeiros séculos da nossa era continuasse a fazer uso do mesmo até ao fim da Idade Média, quando foi inventada a imprensa."
 
Observem que a informação fornceida por EmmanuEl Tov, corrobora com o que tem sido abordado nesses estudo, a saber: NÃO há diferença entre a formação dos textos antigos datados do Século III AEC - I EC, no que tange a forma de escrita; das palavras usadas nesses textos; o espaçamento dos parágrafo, quando comparados com os textos da Idade Média, dentre os quais citamos: o Codex de Aleppo e o Codex de Lenigrado! Consequentemente, a  "Biblia Hebraica que hoje fazemos uso, a qual se baseou no Codex de Lenigrado, também NÃO se difere em nada, com os achados antigos!
 
Portanto, é preciso entendermos o seguinte: sinais massoréticos servem apenas para sinalizar som vocálico em palavras e, NÃO para adulterá-las e, NÃO para tornar o texto "corrompido" como muitos afirmam!
 

Assim sendo, o que temos aprendido é: Não podemos descartar as evidências, nem tão pouco, escolher dentre elas, o que bem entendemos, para corroborar com nossos "achismos"! Sendo assim, quando se trata de escrita e, datação da mesma, esta é comprovada por evidências e, não pela emuna. Logo, as afirmações que fazemos a respeito de algo, NÃO pode estar pautada em:  " é porque é!", "é porque fulano disse", "é porque eu sonhei!". A testificação do que falamos tem que estar pautada em evidências/provas que testifiquem a veracidade do que afirmamos!

E, para finalizarmos esse assunto, a respeito do hebraico arcaico/antigo, convém mencionarmos o seguinte: Outrora, na antiguidade, não havia a compilação dos textos, da maneira que temos hoje! A compilação dos textos em hebraico, deu-se posterior aos fatos descritos nos textos hebraicos! E, o importante de se ter em mente é, que essa compilação, deu-se de acordo com o hebraico falado na época, em que essa compilação foi feita! Se, os fatos narrados ocorreram num período arcaico, seus relatos foram escritos no hebraico mais recente! É isso que muitos não se atentam, infelizmente! E, por não se atentarem, veem textos massoréticos com desconfiança; com desdém..., mas para aqueles que conhecem o hebraico, ou buscam a cada dia aprender um pouco mais sobre esse idioma, sabe que, os textos massoréticos EM NADA se diferem "grotescamente" dos textos que o antecedem!

 

 
Bibliografia:
 
FRANCISCO, Edson de Faria - Língua hebraica: Aspectos Históricos e Características.
 
MALANGA, Eliana Branco. A Bíblia Hebraica como obra: Uma proposta interdiscplinar para uma semiologia bíblica. São Paulo: Faculdade de FIlosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade do Estado de São Paulo(USP). Associação Editorial Humanistas; FAPESP, 2005. 
 
 
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