O que Yeshua quis dizer ao afirmar: "Não julgueis para que não sejais julgados...?"

Nosso objetivo ao elaborarmos esse estudo, deu-se em razão da forma como muitos interpretam o texto que se encontra em MatitYahu 7:1-2, onde lemos o seguinte: " Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós." 
 
Por ser muito comum, deparamo-nos com pessoas fazendo uso desse texto, para escaparem de acusações, exortações e/ou repreensões decorrentes de sua má conduta, de seu pecado, transgressão e, até mesmo, de sua iniquidade, refugiam-se, por detrás desse texto em MatitYahu 7, rejeitando dessa forma, não apenas a exortação, por vêem nesta, a exposição de sua má conduta, mas também, a menosprezarem aqueles que se colocam a exortá-los, por acreditarem que, o que estes querem, é se colocarem como juíz sobre eles.
 
Daí, ser comum, depararmos com os que assim procedem, fazerem uso do seguinte discurso: " quem é você para me julgar?"; " quem te colocou como juíz sobre mim? " só quem pode me julgar, é aquEle que por mim, morreu na cruz!; " cuidado..., com a mesma medida com que você me julga, será julgado também!"
 
Por outro lado, também é comum, depararmo-nos com aqueles que, temerosos de que sua atitude em exortar/repreender os que se encontram na prática do pecado, seja vista como quem deseja se colocar na posição de juíz sobre seus irmãos, calam-se diante dos erros praticados por estes, abstendo-se dessa forma, da responsabilidade que lhes compete, em exortar aqueles cujo testemunho de vida, é INADIMISSÍVEL.
 
O perigo de nos abstermos, de nossas responsabilidades, contribui para a banalização do pecado em nosso  meio!
 
Diante disso, a pergunta que permeava nossa mente era: O que o Ungido quis dizer ao afirmar que, NÃO devemos julgar o outro, pois do mesmo modo com que julgamos, seremos julgados e, com a mesma medida com que medirmos, seremos medidos também? 
 
Bom... vemos nas Escrituras o próprio Yohanan repreendendo os que estavam na prática do erro, alertando-os acerca da importância de se arrependerem e, converterem-se, de seus maus caminhos,  pois o Reino de Yah Elohim estava próximo! Nesse caso, estaria Yohanan indo contra a Palavra de Elohim, quando assim procedia? Estava ele, colocando-se como juíz sobre os que estavam na prática do erro?
 
Provavelmente, os que tinham o coração endurecido, não recebiam com bons olhos as exortações de Yohanan... alguns até o acusavam de ter demônio! Talvez, quem sabe, assim faziam, para invalidar a pregação de Yohanan, PORÉM, este se manteve firme na obra que lhe fora confiada! Ele continuou apregoando o Reino de Elohim, chamando o povo ao arrependimento!
 
Um outro exemplo, que encontramos nas Escrituras exortando e repreendendo os que percisavam de exortação, é o próprio Ungido! Este, conforme relato escritural, repreendia severamente os fariseus, chamando-os de hipócritas, serpentes, víboras, os quais colocavam sobre o povo, jugo que nem mesmo eles, conseguiam suportar ... também o vemos repreendendo os que faziam da Casa do Altíssimo, comércio...,os que davam dízimo, porém, não praticavam a misericórdia, também exortava os que em razão da dureza do coração, esqueciam de praticar a justiça... E, agora? Por assim fazer, estaria porventura, Yeshua indo contra a Palavra de Elohim? Estava Ele, colocando-se como Juíz, sobre os que se encontravam mortos em seus pecados e, iniquidades? Afinal, Ele mesmo disse para NÃO JULGARMOS!
 
E, o que falar do Apóstolo Shaul? Por inúmeras vezes, encontramos nas Escrituras, este exortando os crentes em Coríntios, quer seja a respeito da Ceia(1Cor 11:20-22), quer seja acerca de casamento(1Cor 7:1-16), quer seja a respeito da falta de unidade entre eles(1Cor 1:10-11), quer seja a respeito da falta de solidariedade do Corintios para com Shaul, o qual, embora tenha servido de instrumento para, apregoar-lhes o Reino de Elohim, NÃO recebeu destes auxílio/ajuda quando necessitou, ao contrário! A ajuda veio de irmãos de outra localidade. Até mesmo a respeito de seu ministério apostólico, havia dentre os corintios quem chegasse a duvidar! (1Cor 9:1-3; 2Cor 11:9-12).
 
E, agora? Como grande conhecedor da Lei, estaria Shaul, indo contra a Palavra de Elohim, ao exortar os crentes em Corintios? Estaria ele, colocando-se como juíz sobre os crentes dessa localidade?
 
Como podemos perceber, quer seja Yeshua, quer seja Yohanan, quer seja Shaul e, tantos outros descritos nas Escrituras, NÃO fugiram de suas respobilidades, dentre elas, o de exortar; o de instruir, o de corrigir os crentes que estavam na prática do pecado; que se esqueciam dos preceitos do Altíssimo, deixando de lado a misericórdia, a justiça, a verdade e, a fidelidade para com Yah Elohim! 
 
Repreende-los, exortá-los, corrigi-los, era manifestar para com estes, o AMOR! Era ir em direção a vontade do Altíssimo, no que tange a sua obra de resgate e redenção!
 
Observem o texto abaixo:
 
MattitYahu 18:15 " Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e REPREENDE-O entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão".
 
1 Timóteo 5:20 "Aos que pecarem, REPREENDE-OS na presença de todos, para que também os outros tenham temor".

Observem nos textos acima que, em meio aos crentes, a repreensão tinha por objetivo o fortalecimento destes, fazê-los retornar para o Caminho bom e, despertar neles, o temor a Yah Elohim, que segundo as Escrituras, é o princípio de toda a sabedoria.
 
Mas... retomando a pergunta feita no começo desse estudo, o que seria esse JULGAR, mencionado por Yeshua?
 
Bom... pra começar, precisamos compreender o seguinte: Exortar NÃO significa Julgar! Saber distinguir um do outro, já é um grande feito para avançarmos na percepção do ensino que nos fora dado por Yeshua!
 
Quando Yeshua diz para NÃO julgarmos, pois se assim fizermos, também seremos julgados, o que entendemos acerca desse assunto é o seguinte: aquele que se coloca como juíz sobre alguém, segue na contra mão da obra de resgate e, redenção do Altíssimo, pois o julgamento CONDENA, porém a exortação LIBERTA, instrui, corrige... na Exortação há AMOR!
 
É esse Julgar, que dificulta aquele que deu crédito a pregação, a ficar a vontade, para manifestar o testemunho do Arrependimento e, consequentemente, o testemunho de sua conversão, ou seja, do seu viver em novidade de vida!  É esse julgar, que nos faz olhar com desconfiança aquele que um dia, cometeu adultério ( será que ele é confiável ??). É esse julgar que nos faz desconfiar da conversão de um drogado e/ou um alcoólatra ( será que ele realmente está livre das drogas/álcool? E, se ele tiver uma recaída?) ; desconfiar da conversão um ladrão ( cuidado com seus pertences, vai que... melhor não dar mole!); na conversão de um fofoqueiro ( cuidado ... ele(a) fala demais!).
 
Perceberam que, quando julgamos alguém, aprisionamos esse alguém nos delitos que outrora, por ele era praticado?. Daí, no juízo não encontrarmos misericórdia! Daí, o Ungido falar: " não julgueis, pois do mesmo modo com que julgas, serás julgado também". Parafraseando, podemos entender o seguinte: se você condena o seu irmão, mantendo-o preso, no pecado do qual Yeshua o libertou, do mesmo modo, você também será condenado! Se não és capaz de agir com misericórdia, não pode esperar receber misericórdia!!!
 
Querem ver outro exemplo? Citamos o do Apóstolo Shaul. Em razão deste ter recebido permissão para perseguir e matar os discípulos de Yeshua, era sempre visto com desconfiança e, temor em meio destes, tanto que, Hananias ao ouvir do Ungido, que era para ele ir ao encontro de Shaul e, colocar sobre este, sua mão, afim de que, assim procedendo, Shaul voltasse a enxergar, reagiu da seguinte maneira: "  Adon, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Yerushalaym e, aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu Nome". Atos 9:10-14
 
Observem que Hananias nem se deu conta de que, a forma como ele enxergava Shaul, não era a mesma que o ungido enxergava... Hananias trazia a lembranca do homem que Shaul foi... já o Ungido via o homem que Shaul haveria de ser por amor a seu Nome!
 
A forma como enxergamos o outro, vai revelar o que manifestamos por este: AMOR e, por assim ser, o exortamos e, o corrigimos sempre que for necessário, para que não caminhe a passos largos para a perdição, ou JUÍZO, condenando-o a viver preso num erro do qual já se arrependeu!
 
Que venhamos destrancar a porta, a qual trancada, impede-nos de agir com misericórdia para com o próximo e, ao mesmo tempo, impede-nos de sermos verdadeiramente livres! Que ao destrancarmos a porta, o amor possa reinar em nós!
 
Nós, escolhemos o AMOR, sempre o Amor! E, quem ama, exorta!  
Quem ama, corrige os seus!