Como podemos observar na figura acima, o que temos no alfabeto hebráico, são consoantes, portanto, as vogais não estão incluídas nesse alfabeto. Page H. Kelly em seu livro: Hebráico Bíblico - Uma Gramática Introdutória, Pgª23 nos diz o seguinte: " O hebráico antigo não tinha sistema de vogais escritas. A língua era lida e falada de acordo com uma tradição oral passada de geração em geração. Já cedo no desenvolvimento da língua, certas consoantes começaram a funcionar não somente como consoantes, mas também como indicadores de vogais. Assim, o Alef e o Hê foram usados para indicar a classe de vogais "a", o Iod foi usado para indicar a classe de vogais "e" e "i" , o Vav foi usado para indicar a classe de vogais "o" e "u"... As duas consoantes mais usadas como indicadores vocálicos são: o Iod e o Vav."
Compreender a respeito desse assunto é importante, NÃO para nos acharmos o expert no hebraico, mas para termos certeza a respeito do que apregoamos! Assim sendo é bem comum ouvirmos o seguinte: "no hebraico não há ditongo, mas na pronúnica existe"! O que é uma verdade! Mas como compreender isso?
Recorrendo a gramática Hebraica, deparamo-nos com a seguinte informação fornecida por Antônio Renato Gusso, em seu livro: Gramática Instrumental do Hebraico: " no hebraico existem além das vogais, três consoantes vocálicas, ou matres lectionis(lit., mães de leitura), que são: Hê; Iod; Vav. Elas tinham a tarefa de orientar em relação à leitura correta do hebraico antigo..."
Daí, o atentar-se para as afirmações do gramático Renato Gusso, é fundamental! Pois, ajuda-nos a perceber que o discurso onde se fala que somente na pronúncia existe vogal no hebraico, não é bem assim... quando constatamos que em textos antigos e, até mesmo em textos escritos nos dias de hoje, tais consoantes vocálicas, são usadas para sinalizar som vocálico nas palavras! Um exemplo claro para compreender o que estamos falando é, a palavra: אלוהים ( Elohim), na qual pronunciamos duas vogais, a saber: a vogal O, representada pela consoante Vav e, a vogal I, representada pela consoante Yod.
Portanto quando se afirma que no hebraico não existe vogais, é preciso termos em mente o seguinte: que não existe existe vogais como em nosso alfabeto: a;e;i;o;u; porém existem consoantes que indicam a presença de som vocálico !
Com o objetivo de se preservar a pronúncia correta das palavras no hebraico, criou-se um sistema de sinais vocálicos, denominados: massoréticos! Esses sinais criados por eruditos Yehudim(judeus) que viveram entre o Século V a X depois de Yahushua, contribuíram para que os textos antigos, escritos apenas com consoantes, pudessem ser lidos por aqueles que não mais conheciam a pronúncia das palavras! E, nisso, podemos perceber a importância dos sinais vocálicoss e/ou, sinais massoréticos, pois além de facilitarem a leitura dos textos bíblicos, contribuiram também para a preservação da memória cultural de um povo!
Outro ponto importante, a respeito das vogais sinalizadas por sinais massoréticos é, o seguinte: no hebraico as vogais podem ser longas; breves e; semivogais, conforme podemos observar nas figuras abaixo:
Ainda a respeito dos sinais massoréticos, deparamo-nos com a seguinte questão: a forma como muitos tem interpretado o qamets! Há quem afirme que o qamets(T) tem som de AO, enquanto que o patah tem som de A e, nisso, de um lado temos quem defenda a grafia YAOHU e, do outro, os que defendem o uso da grafia YAHU. Há também quem afirme que a escrita correta é YAHU e, que sua pronuncia é YAOHU! E, nisso, surge-nos a seguinte pergunta: Gramaticamente falando, faz isso sentido? Qual a diferença entre o qamets e o patah?
Antes de mais nada, faz-se necessário mencionarmos o seguinte: tanto para os que defendem a pronúncia YAHU, quanto para os que defendem a pronúncia YAOHU como sendo a pronúncia plena/completa do Tetragrama Sagrado (Yhwh), uma coisa é certa, a pronúncia defendida por estes, nada mais é, que a forma reduzida do Nome Sagrado! Portanto, quer seja Yahu, quer seja Yaohu, tais pronúncias são decorrentes de 3 consoantes hebraicas, a saber: Yod; He; Vav, as quais tem como transliteraçã padrão em Inglês: YHW. Desejando saber mais sobre esse assunto, acessem o link:
www.oholyao-em-queimados-rj.com.br/estudos-escriturais/compreendendo-a-respeito-do-tetragrama-sagrado/
Bom... retomando a pergunta logo no início desse estudo: Há também quem afirme que a escrita correta é YAHU e, que sua pronuncia é YAOHU! E, nisso, surge-nos a seguinte pergunta: Gramaticamente falando, faz isso sentido? Qual a diferença entre o qamets e o patah?
A resposta para essa pergunta é simples, mas antes, precisamos nos atentarmos para a seguinte questão: tanto o qamets, quanto o patah tem som de A! A diferença entre eles está na duração que o som do A possui, ou seja, o qamets(
T ) tem som de A longo, enquanto o path( _ ) tem som de A curto. É essa a diferença que existe entre o qamets e o patah, nada mais que isso!
Mas ainda há quem se pergunte o seguinte: como então explicar o som vocálico AU, no hebraico? Vejamos...
Em nosso idioma, português, obtemos um ditongo, quando temos em uma mesma sílaba: vogal + semivogal! Já no hebraico, para termos a formação de um ditongo, faz-se necessário ter na mesma sílaba, uma vogal(ou seja, um sinal vocálico/massorético) antecedendo uma letra vocálica (iod, hê, vav).
O gramático Paul Auvray, afirma o seguinte: "quando uma vogal preceder uma letra vocálica, temos o ditongo ai; au". A respeito da formação desses ditongos, convém mencionarmos o seguinte: existe no hebraico consoantes que também podem exercer função vocálica, são elas: iod, vav; hê. E, no que diz respeito, a formação de ditongo, este ocorre, quando sinais vocálicos/massoréticos, antecedem letras vocálicas( iod, hê; vav), na mesma sílaba!
Assim sendo, para obtermos o ditongo "Ai", faz-se necessário ter na mesma sílaba, uma vogal A(qamets/patah) embaixo de qualquer consoante, antecedendo a letra vocálica iod! E, para termos um ditongo "Au", faz-se necessário termos na mesma sílaba, uma vogal A(qamets/patah) debaixo de qualquer consoante, antecedendo a letra vocálica Vav.!
Nós, particularmente, NÃO encontramos em nossas pesquisas, palavras que tenham em sua formação, o ditongo AU. O que encontramos foi o ditongo AI, o qual está presente na palavra AdonAi e, em outras palavras, conforme podemos observar na figura abaixo:
Outra informação importante a ser fornecida é: não encontramos apenas o ditongo Ai em algumas palavras hebraicas! Há outros ditongos, tais como aquele que se forma com a vogal shewau, antecedendo a letra vocálica iod, onde obtemos o ditongo: Ei, conforme podemos observar na figura abaixo:
E, dentre as letras vocálicas que formam ditongo com as vogais que a antecedem, vale a pena falarmos a respeito da letra hê, ressaltando o cuidado que devemos ter com ela, pois ao contrário do que muitos imaginam e, apregoam, a letra hê NÃO é muda! O hê tem som, o qual pode ser CONSONANTAL, OU VOCÁLICO! Vai depender de sua posição na sílaba, em que se encontra. Caso esteja no final da sílaba, o hê perde seu som consonantal de R aspirado e, passa a ter som vocálico da vogal que o antecede!
Assim sendo, quando o hê vem antecedido por uma vogal (neste caso, qamets), ele NÃO forma com esta, um ditongo, MAS SIM, passa a ter o som dessa vogal que o antecede, ou seja: o som de A, conforme podemos observar na figura abaixo:
Finalizando...
Como podemos perceber, com o objetivo de se preservar a pronúncia das palavras hebraicas, fez-se necessário a criação de sinais vocálicos/massoréticos, os quais antecedendo as letras vocálicas(iod, hê, vav) formam um DITONGO no hebraico! Mas, ATENÇÃO!!! O ditongo se dá na pronúncia, a qual se obtém como já dissemos através de uma vogal antecendendo as letras vocálicas!!
Portanto, quando alguém perguntar: existe ditongo no hebraico, podemos responder o seguinte: o alfabeto hebraico é formado apenas por consoantes, mas dentre essas consoantes, existe aquelas que podem exercer função de letras vocálicas, é o que chamamos de "matres lectionis" (mães de leitura). Quando essas letras são antecedidas por sinais vocálicos(massoréticos), na mesma sílaba, forma-se um ditongo!
KELLEY, Page H. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. Editora Sinodal. 4ªEdição. São Leopoldo, RS. 1998.
CHOWN, Gordon. Gramática Hebraica. Como Ler o Antigo Testamento na Língua Original. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 2012.